JG Lisboa - A Chuva (Prod. Bhstudio) Тексты

Era só a chuva, o choro, os anjos em coro
Deus tava chorando inundando o quintal
Os meus pés cheios de lama não voltaram pra cama
Depois da tempestade tudo volta ao normal

Barulhos do telhado: São pássaros, são ratos,
São mitos, são fatos, imagem sem fotos
São carros e motos do subúrbio
São vivos e mortos num distúrbio
E os sentimentos tão dúbios e débeis, são almas e peles
Caminhos e hinos tão calmos, com calma, são salmos cantados com palmas
Por várias meninas, por vários meninos
Sentado na poltrona nos dias de domingo

Interrompido pelas nuvens no céu de cor flamingo
Os nossos sonhos de verão, nossos planos de antemão
Guardados a sete chaves, bati nas duas traves
Já pegamos várias naves e embarcamos na frente
Já enchemos vários baldes logo após a enchente
Suei em tardes tão quentes e em noites tão frias
Chorei entrementes quando eu não vencia
O desconhecido, o não lido, o não crido, o não visto,
Ou mal visto, eu resisto com fé. Não desisto!
Para um bom futuro eu despisto os meus planos
Por um mal passado por erros enganos

Assim como os rios não voltam, o tempo não corre pra trás
No subespaço que sentimos à vista
Partindo da conquista palpável
Noções do tempo que se vive ou se sente nas lições abstratas
Acalmando os corações e mentes, ajusto a lente
Essa chuva transparente que colore a priori
O meu mundo é incrível! E o seu? Tive noções de breu
Tudo o que me aconteceu é producente

Pisando em ovos do ninho da mente
Eu aprendi a caminhar na lama
Na santa dos pisos marrons
Me sujei pouco nos meus dias bons
Criei a fama de pular da cama
Quando ninguém me viu presente
E agora volto nesse sol poente após a chuva
Eu encontrei a direção pela janela turva

Era só a chuva, o choro, os anjos em coro
Deus tava chorando inundando o quintal
Os meus pés cheios de lama não voltaram pra cama
Depois da tempestade tudo volta ao normal
Entulhos do telhado, aterros, são erros
São berros, são ferros, martelos e luva
Raízes e galhos esquecidos

Na minha mente onde o vento faz a curva
E os sentimentos nas poças de água,
Nas pontes do mangue, no sangue,
Nas moças, nas louças deságua a mágoa
E finda o curso
Num outro papel, num mesmo discurso
As cartas que não chegam; espere o retorno
A precipitação ao encontro do chão morno
O aroma da estação, só o perfume da razão

Um pedaço da essência, só um terço de ciência
A aparência de um quarto, o teor do recinto
Um conceito num segundo nessa “terra de um quinto”
Voei em ares tão densos com asas tão leves
Trajetos extensos emanando uma verve
Desconhecida, ou não lida, ou não crida,
Ou não vista, ou mal vista, na pista palmeando a conquista
Você foi como a chuva: Inundou a terra
Você foi como a terra: Absorveu a chuva
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