A vista verte um sopro de angústia extinguida
Por tantas rondas e luas de solidão
Sovando em campos a ausência do galpão
Onde a lembrança é cura pra alma em feridas
A noite chega nas copas trazendo assombros
E uma garoa sobre a terra chora em dor
Um poncho amigo entende que é fiador
Para o parceiro que o carrega sobre os ombros
Campo, cavalo e patas ao mesmo destino
Sou um teatino domando potros e guascas
Queimando lascas nestas estradas antigas
Lendas paridas na fumaça do angico
Cantando a lida que findou por breve instante
Tudo se cala ao redor ouvindo as brasas
Onde repousam cicatrizes de batalhas
Que erguem palmas chamusqueando uma minguante
Cruza no fogo uma cambona enferrujada
Cumprindo as normas de quem trás sangue farrapo
Até a garoa cessa o vertidor guasquiado
Pra ouvir as notas de meu pinho embriagado
Amanso as horas de uma madrugada fria
Nas rédeas firmes do pensamento surrado
Tocando a vida sobre um pêlo colorado
Que a meia rédea rompe na várzea vazia
Se essa estrada me levar rumo ao poente
O meu sombreiro vai tapeado frente ao vento
Mala minguada com o que resta pro sustento
E o que me falta tem de sobra ali na frente (3x)