Venho lá da Vista Alegre
pregueando boi no carreiro
com honra sou carreteiro
e bem gaúcho é que sou
usando a guilhada grande
eu ainda sou Rio Grande
passado que não passou.
Sou a história da carreta
tradição que não morreu
sou o tempo que se escondeu
atrás da curva da estrada
onde o pneu do pregresso
por ser difícil acesso
nao descobriu sua entrada.
E carreteando eu vou longe
firmando o pé na macega
enchendo os olhos de légua
das léguas nada me encerra
eu subo e desço lançante
com minha casa ambulante
cheia de frutos da terra.
(refrão)
E a carreta corta o vento
parceira dos madrigais
rechinando uma milonga
pra os campos do nunca mais.
Se a noite chega e me agarra
cruzando de certo campo
em meio ao campo eu acampo
sem medo de assombração
ouvindo ao longe o aboio
das águas claras do arroio
minando minha solidão.
E quando eu canto uma milonga
no vai e vem da carreta
o tinido da palheta
repica igual ao sincerro
e eu me vou quebrando a ponta
do verso quando ela aponta
despontando atrás do cerro.
E quando a lua se empaca
no céu ouvindo a milonga
na claridade se alonga
o meu cantar milongueiro
e a minha carreta flutua
cheia de versos e luas
e sonhos de carreteiros.
(refrão)
E a carreta corta vento
parceira dos madrigais
rechinando uma milonga
pra os campos do nunca mais.