És desabafo de mágoas, com acordes repicados
onde esqueço meus pecados ao te tocar com meus dedos,
e neste estranho segredo, te aperto junto ao meu peito,
te agarrando bem de jeito, num ritual de namorado.
Velho instrumento de sempre, fonte de inspiração,
palpitar de um coração pro verso que sai agora
descambando campo a fora, como bagual que relincha
quando lhe apertam a cincha ou lhe convidam na espora.
Esta cordeona, faceira
quando floreio ela inteira
sempre sobra uma prenda a me olhar
esta cordeona, parceira
quando espicho ela inteira
ninguém resiste e vão pra sala dançar.
Ao escutar tua voz, vou lembrando dos bochinchos
ao quebrar muito corincho nas bailantas de fronteira
no meio da polvadeira, entre canha e amargos,
sorvidos em longos tragos junto das chinas faceiras.
Gaita que é mais do que china pra este andarengo cantor
quando templado de amor, te toco com minhas mãos,
campenado em recordação velhos amores perdidos
que só ficaram no olvido, num canto do coração.