Órgão do universo
Corpo que é sentir
Negrume disperso
A noite um devir
Corpo do universo
Uno a respirar
O sopro transverso
As notas no ar
Corpo submerso
Lua a refletir
Silêncio introverso
Fogo de abadir
Corpo que absterso
É voz a entoar
É puro extroverso
Das ondas do mar
Órgão inconverso
Sem tudo cindir
Uno é todo verso
Nada de porvir
Ser incontroverso
Fora do abadar
Belo é todo verso
Que ele lança ao ar
Como tudo existe
Eu não sei dizer
Sei que subsiste
Apenas o ser
Eu que não sou nada
Nada além do ardor
Da vida entoada
Da flama do amor
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