Um galo cinzento floreia a garganta
Reponta no pampa um dia bem lindo
Levanta o ginete num rancho de lona
Aquenta a cambona e prepara o seu pingo
É tempo de festa te acorda rio grande
Gorjeia o joão grande no altar do capão
Na busca do gado o peão vai cantando
É gente chegando de todo o rincão
Rodeio nativo, rodeio bonito
É pago bendito, é campo e galpão
Na voz da cordeona, no laço que puxa
A história gaúcha rebrota do chão
Quem abre os festejos de corda na mão
É o nosso patrão um índio buenacho
Tem missa campeira, tem doma, tem dança
Tem velho e crinça pra cima e pra baixo
Golpeando uma pura o xirú caseiro
Prepara o puchero com gosto e capricho
Na roda de mate que andeja sem pressa
Antigas promessas renovam cambichos
Na boca da noite um baile crinudo
Saias de velude, botas de garrão
Os sonhos e lutas do pago crioulo
Se embalam no solo de gaita e violão
Termina o fandango, termina a festança
Mas fica a esperança no fim do floreio
Que esta saudade no peito tapera
Só dure a espera de um novo rodeio