Às vezes me distraiu
Sozinho no meu quarto
Imaginando o que não vivi
Mergulho no passado
Toco lá no fundo
Mas não encontro o que perdi
Pego os objetos
As fotos da gaveta
Pra me desconectar
Sinto um vazio
Deixado por perdas e partidas
São tantas coisas e pessoas que não vão voltar
Acendo um cigarro
Coloco uma dose
Tento assim dessa forma suportar
Contenho a tristeza
Na ponta da caneta
Escrevendo o que não vou falar
E emerge na cabeça
Dúvidas e incertezas
Sentimentos que ainda não sei controlar
Abro a porta do banheiro
Olho-me no espelho
E vejo no fundo dos meus olhos
Que ainda não conheço
Quase nada sobre mim
Ligo o chuveiro
Não sei se minto ou esqueço
De imediato prefiro me enganar
A água acalma o meu corpo
Nos lábios ainda o gosto que eu não sei tirar
Me toco, e me perco...
Em meio a tudo isso não consigo me encontrar
Me acalmo e desisto,
Por enquanto não insisto
Então fecho a janela
Abaixo a cortina
E apago a luz
Deito-me na cama
Viajo em pensamentos
Preso no presente
Vendo o futuro
Antecipando o fim...
Resvalo em sonhos e pesadelos
Sei que amanhã vai ter mais do mesmo
Por quanto tempo vou agüentar?