Toquei seu corpo como se fosse o único,
Beijei seus lábios como se fossem o primeiro e último,
Desejei você como se fosse à última,
Amei você como se fosse sábado,
Olhei nos teus olhos como se fosse mágica,
Acariciei teus cabelos como se não estivesse ninguém olhando,
Falei aos teus ouvidos com a voz tímida,
Bebi água como se fosse vinho,
Andei, mas voava como se fosse pássaro,
Cheguei a tua casa como se chega ao paraíso,
Lavei minha alma como se fosse Atlântico,
Congelei o instante como se fosse Antártida,
Fiquei parado como se estivesse andando,
Dancei feito negro que luta capoeira,
Orei para os céus como se fosse cântico,
Transpirei como se fosse orvalho,
Peguei a caneta como se fosse o poeta,
Fui Pernambuco como se fosse Holanda,
Deixei de ser burguês para ser operário,
Repousei em seus braços como choque térmico,
Joguei meus cigarros como se não precisasse mais,
Desfiz os compromissos como se fosse domingo,
Olhei pros ponteiros como se o tempo não passasse,
Joguei minhas máscaras, tirei os disfarces,
Me vesti de preto como se fosse festa,
Coloquei perfume como se fosse azul,
E me embriaguei ao te olhar mil vezes,
Vivi como anjo como se fosse humano,
Experimentei esse sonho como se fosse real,
Peguei no sono feito menino,
Corri nas ruas como se fosse carnaval,
Vivi minha vida como se fosse a tua,
Me lancei aos ventos como se fosse pó,
Vivi esse agosto como se vive dezembro,
Voltei para casa, mas queria ficar,
Para repetir essa história como se fosse começo,
Te amar, sorrir, encantar, gingar,
Me lançar sobre teus braços e não me cansar,
Pra ficar bem juntinhos numa música de dois,
Esquecer do mundo e deixar o resto pra depois,
Pois hoje e pra sempre só existe nós dois.