Camisa de malha e botina vermelha
Cigarro de palha detrás da orelha
A calça de brim já velha e surrada
Nunca chega ao fim sempre é remendada
As mãos calejadas na lavra do chão
E a pele queimada no sol do sertão
Estampa no rosto seu estilo rude
Mas não tem desgosto nem mal de saúde
De manhã cedinho se lava na bica
Os dentes branquinhos parecem canjica
Não falta na mesa alimento em fartura
Tem por sobremesa leite e rapadura
Olhando pra roça fumaçeando o pito
Espanta da choça nuvens de mosquito
Enche o caldeirão que serve de marmita
Com arroz e feijão ovo e batata frita
Que manhã bonita na encosta da serra...
Mas como é bendita a riqueza da terra
O homem na lida não cansa da luta
É o ciclo da vida sobre a terra bruta
Sereno do orvalho molha a plantação
No milho do atalho desponta o pendão
O arrozal do banhado está verdejando
Os cachos granados vão se amarelando
A água da mina escorre no valo
A "abobra" menina desponta no talo
Estufa a bainha de tanto granar
O feijão rosinha começa a secar
Ao chegar no rancho no final do dia
Pendura no gancho uma rede macia
Deita com a morena e começa a contar
Que valeu a pena seu dom de plantar
Cheio de emoção agradece dizendo
Parece benção minha amada só vendo
Nossa plantação vai ser um estouro
Porque este rincão é um grande tesouro