Flagelo Urbano - Griot (Mestre da literatura oral) Тексты
Eu sou um griot, um mestre, um professor
Busco na literatura não escrita a essência daquilo que sou
Não ensino, (por quê?) sou ensinado
Pelos alunos que seguem as pisadas do chão dessa passado
Um contador de histórias, habitante do deserto
Simbolismo dos valores morais sem lugar certo
Narrador por excelência o homem relevante
Guardião do templo sagrado, eremita andante
Contador de contos, personagem central...
Depositário das histórias da áfrica ocidental
Desde o rei sundiata keita, o soberano de djené
Aos mestres alfa oularé e mory kanté, na guiné
A memória auditiva e visual dos povos á sul do sahara
Fundem-se no entoar de cânticos ancestrais dos bambara...
A palavra cantada antes do aparecimento da escrita
Tem a função de eternizar o embrião da memória colectiva
Os tambores anunciam entra o mestre djimo kouyaté
O livro aberto sobre o comércio escravista em daomé
Nguni, matabele, malinke, monomotapa e mbenina
As lições de sambala, o rei de medina.
Eu sou o griot
Do mali, da gambia e da guiné
A soberania espiritual dos ancestrais de daomé.
Eu sou griot
O tocador dos tambores dos bambara
Descendente das tribos nómadas á sul do sahara
Eu sou o griot
Como os mandingas da áfrica ocidental
Na poesia do griot wolof do senegal.
Eu sou o griot
Forjado sob o luar da noite mais deserta
Talvez um dia renegado como salif keita
Como toumani diabaté ou baba sissoko
Viver da raiz dessa árvore é o que faz cada um de nós um griot
Músicos e poetas, devotos do tronco do boabá a tempo inteiro
A ausência de livros não impede que as palavras caminhem no corpo do guerreiro.
A conservação da palavra, da narração e da mito
Ortografa na oralidade aquilo que se tem de mais bonito
A sabedoria dos povos de boca a boca por gerações
Os griots são os tradutores, os guardiões
Sem papel nem pena,
Conservam os nossos traços identitários deste então
Quando não havia telefone, rádio, internet ou mesmo televisão
Quando eram apenas os tambores que comunicavam e anunciavam
A chegada do mestres, o vínculo que ligava a tribo a sua tradição
A paixão biofílica,
A conservação dos usos e costumes pela oralidade
È tão rica,
Que ultrapassam os limites impostos pela visão da humanidade
O património intemporal
É na tradição oral que se funda a identidade cultural
Conservada no imaginário de toda comunidade
O ritual do contador de história
É uma autêntica viajem aos ancestrais da humanidade
Tal diabité um dos griots mais puros
Ele é o passado o presente e também o futuro