Fui à Feira da Ladra, a mais bizarra
Das feiras com a marca do passado,
E vi num ferro-velho uma guitarra
De tampo, sujo, negro e desgrudado!
No fundo uma etiqueta já sem cor
Ocultava um retrato que ficou
E que era de um famoso tocador
Que a morte há muitos anos já levou!
Quatro cordas em rugas de cantigas
Se nada mais fizessem recordar,
Lembravam quatro décimas antigas
À volta de uma quadra popular!
Comprei aquela jóia que se enquadra
Em tudo o que são velhas raridades,
Inda é preciso haver Feira da Ladra
P'ra nos mostrar o preço das saudades!
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