Eu prometi que ia fazer muita grana com a minha loucura
Ainda não fiz, mas sou tudo aquilo que ela procura
Na rua das ilusões pelo asfalto molhado, reflete o seco
Que a muito tempo teme o olhado
Inseguro e só, me segure só se me ver cair
Me aplauda hoje pois eu nunca mais passarei por aqui
Lembrança vaga em tarde rosa não me deixa sorrir
Voltei do pó e essa é a ultima vida que eu não morri
Corri pra ver o mar quando ninguém viu
Chorei com as ondas na beira cais de um domingo frio
Dei um abraço no vento mas creio que ele não sentiu
Que a cegueira da paixão me fez chorar e metade do mundo riu
Dividido entre o amor e a sorte, a faca e o corte
Abandonei quem mais amava e eu nem era assim tão forte
Nem que eu volte para o lugar que parti
Vai ser difícil sim eu sei mas minha vida não pode se repetir
Porque ela anda enquanto sofro quieto, engulo sapo a seco
E quando eu sopro a depressão eu me alivio e peco
E perco um terço das razões do paraíso sem fé
Meu coração se acostumou a ver tudo que ele não quer
Cinza, solidão e magoas no quarto
Se as paredes falassem o mundo inteiro ia saber o quanto eu to farto
De carregar esse fardo comigo
De só amar quem não me ama e no final só ter a solidão de amigo
Eu me abrigo, em cada abraço
Tentando esconder meus laços elas me beijam sorrindo pra lagrima do palhaço
E eu as vejo bem de perto e sei que é cero esse fim
E quando eu as beijo, eu sinto que eu não estou tão só assim perdido
Entre palavras de conforto de quem não se quer
Ouvindo a mentira mais sincera de outra mulher
Em outra boca outro perfume
Por incrível que pareça eu descobri que a solidão também nos une
Desabafei com as flores do concreto como se elas me ouvissem
E as pessoas ao redor me notassem
Invisível fui visível na chuva e vulnerável
Deixei que suas lagrimas me tocassem
No papel em branco, escorria tanto, morria santo
Vivia rouco o grito do verso manco
Preso, aprendo e preso por isso eu rezo
A cruz que me foi dada nunca vai mudar de peso
Por isso eu peso!
Me viro do avesso sem medo do inverso
Até que toda minha magoa caiba dentro de um só verso!
Ou dentro desse copo, eu volto logo eu juro
O que separa os corações vai bem além desses muros
É drama na selva fria de outubro
Dois meses para o natal e ainda não sei se me desprezo ou me descubro
Se me interno nos escombros ou misturo
Uma dose violenta de qualquer coisa que me faça ver um bom futuro longe