Era como se fosse trovão
Sirene que castiga o acordar
Cresce a fábrica
Na unha dos homens
Nos joelhos e cáries
No silêncio de meu pai
Mas cantar ainda era liberdade
Cio de cerca
Deitaram a foice
O coração de sucata
E a esperança suada
Que dança no ar
Mas quando o samba sai, sai
Dá rasteira na tristeza
Quando a vara semeia ela esquece da dor
Enquanto vê graça na poeira
Era a lama do lugar
A seiva dos homens canaviais
Com suas lâminas
De sóis decepados
De pai nosso esquecido
No açúcar a escravizar
Mas cantar inda era esquecer
Da vida de palha
A língua magrela
De febre esparrela
E a esperança mofada
Que dança no ar
Mas quando o samba sai, sai
Rasteira é capoeira
Quando a vara semeia ela esquece da dor
Enquanto vê graça na poeira
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