Voltar aqui, voltar à mim
E sentir de novo o atropelo do que vi
Tratar assuntos se empanturrar
Até vomitar
Te confessar
Representar
Me consultar
Te analisar
Brincar de Freud a culpa vem da
Fome sexo
Me condenar
Te absolver
Se não enxerga cura
É porque não há doença
Voltar aqui, voltar de mim
Lançar a mão no prato sujo que deixei
O copo cheio a boca acusa
A língua apóia a Santa Ceia
Tão sagrada
Cartas na mesa
Nem pão nem vinho
Reconciliar é beber a água quente
E vira o jogo, o tabuleiro
Xadrez só pra quem pode
Ficar até o final
Vou me jogar na arrebentação
E voltar são de lá
Receituário
Um santuário
Voltar à mesa, voltar sem mim
Ler o jornal pra animar
Segunda-feira de quem é o quinhão?
E o que sobrou da abnegação
Traçar as metas
Matar a fome
Sobreviver da sua moral
Até que tudo volte ao normal
Pra estar em dia
Organizar
Pouco dinheiro pra pagar o pão
Voltar aqui
Voltar pra mim
Se debruçar, sem esquecer o combinado
Não ter defesa
Para o abandono
É o retorno de que tudo se calou
Ultrapassar, beber o amargo
Olhar o fim sem desesperar
Vou me jogar na arrebentação
E voltar são de lá
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