Eu cresci querendo ser aquilo que eu não queria
E me tornei o que eu quis pra pagar o que eu gostaria
Conversei com um pássaro que me contou segredos
Dispensei então passaram dias, resultam medos
Zelos, selos, meus dedos em seus cabelos
Vi nós dois pelo saara viajando em dois camelos
Minha febre não cura nem com água quente
Minha sede não passa nem com aguardente
Minha paciência é curta e eu sou um aguardante
Linha de essência pura eu fui um péssimo estudante
Minha terra que é tão fértil dando vida à corpos fúteis
Meus irmãos que são tão úteis, mortos por porcos inúteis
Vi um garoto correndo, imaginei a bola
Era um garoto correndo com uma sacola
Eu vi o cop tirando sua esmola
Tirou sua esperança a tapas, conheceu a cola
Bem antes da escola
Sentado na calçada, eu vi o demônio eu seu semblante
Sem blunt, sem punch, sem garantia
A fé que o garantia já não existia
A fé que te mantinha não mais resistia
Minha cabeça dói e eu não conto mentira
Canto insônias, meus defeitos, futilidades, minha ira
Aqui falo de alcool, digo pra tu não beber
Aqui falo de sexo, digo pra tu não seder
Aqui falo que não, mas se quiser vamo beber
Aqui falo que não, mas se quiser vamo foder
Não falo de revolução pois é mais que um fora temer
Falo de educação pois é o que faz a escória tremer
Falo de respeito, pra vagabundo estremecer
Pro ce vê, punchline sobra na falta de proceder
Rhyme tá sobrando, falta grana pro cd
Sobra gana de vencer, vencer dor
Vencedor eu vim ser
Felicito estar vivo, melhor ainda é viver
Felicito ser, mas ser melhor é melhor do que só ser
Por isso meu eu amanhã será melhor que o eu de hoje
Pra que o eu de ontem seja sempre um protótipo
Difícil é enxergar o meu suór derramado
Perdeu visão pro ego, cego, criando estereótipo
Constante briga com esses paradigmas
Danna ligou e agora eu tiro pira nesses enigmas
Olho aos redores e vejo pessoas malignas
Mas ligue nas emissoras, e verá piores
Entrei no rap cedo e até hoje não aprendi
Acho que faltam referências pra vocês fingir
Que entenderam algo que eu falei
Sendo que cês não entenderam nem metade disso aqui
Tá chei de cês figando pra me ver sucumbir
Só porque eu botei minha cara cara a tapa em várias fita
Mal sabe cês que fui eu quem fez minha chance existir
E eu existir pro cês já é o que mais irrita
Será que o problema sou eu ou será
Que eu sou a porra do problema?
Olhe pra cena e verá
Que eu nem faço questão de estar ou não na cena
Colhendo frutos podres de uma árvore sem folhas
Pra adubar o solo da minha plantação
O tempo me ensinou que a pressa odeia a perfeição
E que a paciência é a luz pra direção das tuas escolhas
Sempre sorrindo, indo e vindo, porém nunca satisfeito
E enquanto dizerem que sou o pior, vou me sentir melhor
Pra mim é sinal de um trabalho bem feito