Edgar recebe de herança
Uma mansão abandonada por Deus
Casa fantasma que nem o antepassado dele quis
Erguida há dois séculos em pleno império escravocrata
Na cidade aristocrática
Fundada pelo imperador
O dono da casa perdera a razão
Morrera recluso em seu interior
No belo palácio que construíra
Para a esposa que no quarto se enforcou!
Amaldiçoados!
No século XXI
O único herdeiro vivendo no exterior
Voltou ao Brasil pra conhecer melhor
A mansão que herdou
Assim que chegou a sensação de ser julgado
Como alguém condenável
Por memorias que não eram suas
Retornar teria sido aceitável?
Tendo cruzado o jardim mal cuidado
Subindo as escadas com sofreguidão
Respirado o ar viciado
Impregnado de excessiva tensão!
Amaldiçoados!
Eolo infla as velas
Poseidon abre os caminhos
Edgar agarra as chaves do destino
Sem asas de cera
Com coração de vidro
Lar de brancos, negros e mulatos
Tão unidos quanto separados