Cada um tem o seu pagode, não estou falando bobagem
Tem pagode da mentira, outros que contam vantagem
Meu pagode é diferente, não vou fazer tempestade
Eu vou cantar para vocês, o pagode da sacanagem
Oi, viola, minha amiga companheira
Encostada no meu peito, treme o chão, sobe a poeira
Desatrelaram meus burros
Desbrecaram minha carroça
Molharam o meu pelego
Mancharam a minha bota
Jogaram o meu chicote, no fundo de uma grota
Meu facão de aço puro, quebraram numa destoca
Soltaram o meu cachorro perdigueiro, bom de caça
Assutaram meu cavalo tordilho, que é pura raça
Quebraram a minha espinguarda, jogaram numa quiçaça
Queimaram minha guaiaca, virou cinza e fumaça
O arame de minha cerca, enrolaram feito mola
Pegaram a minha cela, encheram ela de cola
Falaram que sou um idiota, me chamaram de gavola
Pra terminar esse pagode, quebraram minha viola!
Oi, viola, dis um ditado antigo:
Quem tem amizade assim, não precisa de inimigos