Não bem assim, mas ao seu jeito
Despediu-se do seu homem
Que jogou o barco ao mar
Ele jurou que voltaria
A vida dela foi passando
Com o vestido de pano
E o coração no imenso mar
Dia a dia a esperar
Naquela praia quem passava
Perguntava: “quem é ela
Sempre em frente a vigiar?”
Não demorou e alguma gente
Com seu jeito impertinente
Ia à praia pra zombar
Fazendo choça da garota
Apelidaram-na de “noiva
Que com o mar se fez casar”
Os caranguejos a imitavam
Dando voltas a seu lado
Esperando o ano passar
Não houve asilo, nem hospício
Hospital ou sacrifício
Que tirasse ela de lá
Seu cabelo embranqueceu
E feito um véu desvaneceu
Até a morte ir lá buscar
E quem zombava
Hoje em dia acredita
Que a moça lá da praia
Espera junto de iemanjá
E que assim às vezes bate uma saudade
Ela passeia pela praia
Quando é noite de luar