É à noite que tudo acontece
Nas esquinas violentas
Dessa capital
Quem é vivo nem sempre aparece
Se escondendo sorrateiro
Como um animal
Nada chega pra quem tem a sede
Dos batuques eletrônicos
Do underground
Cada vulto se parece menos
Com um corpo verdadeiro a forma original
É à noite que os muros gritam
As verdades dos grafites vistos de manhã
Luminosos que não denunciam
Mas limitem os domínios de Deus e Satã
De repente tudo pára, ela vem passando
A rainha da arena em seu negro véu
Lentamente recomeça o culto
Do que fazem a loucura
O seu próprio céu
No silêncio passos atrás de mim
Cada vulto é um mistério sem fim
Olhos negros buscam a escuridão
Vejo seu corpo girando freneticamente
Na minha imaginação
Se no dia as coisas são mais claras
É à noite que elas perdem
De vez o sentido
Se na luz é quem se engana
É no escuro que as pessoas ficam divertidas
Cada gato no telhado sabe de uma história
Carregada de mistério
Feita de ilusão
Como um filme que não tem censura
Uma dança violenta
Ou de sedução