Prosa de bolicho
Mundo velho sem porteira. Sou égua torra a paciência
Me enfurnei nas carreiras, quase apostei a consciência
É gancho, é luta parceiro, a coisa só se atravessa
Dinheiro chama dinheiro, e o resto é papo, promessa
A las frescas, pague os juros, tá pior que mala de louco
Assim não pode dar lucro, cada um me tira um pouco
Ta duro o beiço do burro, ah, mundo velho redondo
Quando acho um ovo, é podre, se é fruta tem marimbondo
Bigode, papel escrito, cada dia vale menos
Fica o dito pelo não dito e o grande engole os pequenos
A las frescas, pague os juros, tá pior que mala de louco
Assim não pode dar lucro, cada um me tira um pouco
Se foi o bagual com a sogra, e o abuso tome frouxo
O joio cresce e afoga o trigo que é míope e insosso
A cada passo uma esgrima, cada dia um novo arrocho
E os homens lá de cima comendo e virando o cocho
A las frescas, pague os juros, tá pior que mala de louco
Assim não pode dar lucro, cada um me tira um pouco