Fui repassar um bragado
Lá no ponto do elogio
Era um domingo gelado
Que até o sol era frio
Mesmo no quarto galope
Todo cuidado era pouco
Qualquer redomão no trote
Mostra o tino de loco
Cuidando sombra e sinal
Arreio, barulho e pasto
Um redomão de bocal
Tem lama dentro do casco
Parece que o diabo nota
Que o domingo é pra descanso
Travou a guampa na bota
Aonde se cria o ranço
Dum maço de vassorinha
Vinha um chamado de “piu”
Pois era uma perdizinha
Quase morrendo de frio
Boleei a perna com jeito
O redomão se ariscou
Cravei a espora no peito
E outro pé me resvalou
"Patiando", virou uma foice
Mais ligeiro que uma bala
E se endiabrou dando coice
No panejar do meu pala
O pé maneado no estribo
E a rédea esquerda na mão
Sem saber qual o motivo
Dei de cabeça no chão
Me vi naquele extravio
Entre pulo e manotaço
O redomão de currupio
E eu não parei de dar laço
A desgraça não me gruda
Porque eu nunca fui incréu
Por isso pedi ajuda
Ao “Pai Veio” lá do céu
Nem terminei o pedido
A bota saltou do pé
O animal deu um bufido
E eu já me encontrei de pé
Corri os “zóio” no corpo
Não senti nada quebrado
Eu não me sentia morto
E sofrenei o bragado
Pedi desculpa e montei
Com a tarequeira bulida
Co’e pucha “Agnus Dei”!
Por nada se perde a vida
Me fui quietito cismando
Entendendo a muito custo
Dois amigos se estranhando
Por causa apenas de um susto