São dez e trinta da manhã, segunda feira
Carol cansada espera, na praça ABC
Um ônibus qualquer menos o seu, ela não quer voltar,
Não quer ficar sozinha
No lixo o celular que a mãe lhe deu, que não vai mais tocar
Jamais recebeu uma ligação,
O nome do pai e um coração numa tatuagem
Pra ele saber da solidão e da coragem
Carolina diz que já pode andar só
Carolina diz que o bom e o pior
Se vão com o vermelho dos cabelos
Se vão os anéis ficam os dedos
Saiu de casa quarta feira, deixou a escola
Carol não espera nada mais acontecer
Dormiu com um cara sexta-feira, pra se arrepender
Fim de semana de bobeira
Resolve subir a Serra, ir pra favela
Talvez encontre bons amigos
Que não reparam os poucos quilos que ela ganhou
Tentando ser o que sua mãe sonhou
Carolina diz que já pode andar só
Carolina diz que o bom e o pior
Se vão com o vermelho dos cabelos
Se vão os anéis ficam os dedos
Carol já conhece cada canto mas acha estranho
O morro vazio, a rua sem ninguém
Uma bala perdida acorda pra vida
Acerta em cheio o coração de nanquim
Mas isso não é o fim, é outro começo
Carol não quer mais viver assim
Carol passa bem mas quer ir além
Já sabe que tudo tem seu preço.
Carolina diz que já pode andar só
Carolina diz que o bom e o pior
Se vão com o vermelho dos cabelos
Se vão os anéis ficam os dedos.