O Ary falava daquela boneca
Da cor do azeviche e da jabuticaba
Que acabava com o nego de branco
Mas vejam que essa vida não acaba
Tava eu na feira de Embu das Artes
E numa barraquinha bem atrás de um Buda
Vi chacoalhando uma boneca de palha
Toda espalhafatosa e toda cabeluda
Chacoalho que me chacoalho
Me espalho e me desembrulho
Mas não me espeto com qualquer paspalho
Quero um moço que me amasse sem fazer barulho
Tô com vontade de te dar um malho
Cê tá perdido, até parece agulha
Queria ter nascido um espantalho
Isqueiro quebrado não faz fagulha
Qual o seu nome, boneca?
É Célia. Que falsete!
Até parece que tomou gás hélio
Eu num consigo mais tirar o olho
Põe as barbas de molho, cê tá muito velho
Chacoalho que me chacoalho
Me espalho e me desembrulho
Mas não me espeto com qualquer paspalho
Quero um moço que me amasse sem fazer barulho
Tem dó desse maltrapilho
Oh, minha boneca de palha
Que brilha no meu estribilho
Que brilha, que brilha quando chacoalha
Chacoalho que me chacoalho
Me espalho e me desembrulho
Mas não me espeto com qualquer paspalho
Quero um moço que me amasse sem fazer barulho