Apertei o nó do lenço
me arremanguei até o joelho
ajeitei bem a melena
depois me olhei no espelho.
Entrei prá dentro da sala
cheia de prenda lindaça
e uma acordeona roncava
entre a poeira e a fumaça.
Gritava o dono do rancho
"dê - lhe boca no teclado"
com o chapéu sobre a nuca
e um pala velho atirado.
O salão ferveu de gente
se guasqueando pros dois lados
todo mundo corcoveando
que nem chibo empanturrado.
O gaiteiro era dos buenos
e acalcava o vaneirão
eu sai marcando passo
bem no meio do salão.
Com uma chinoca nova
uma beleza de figura
que até parece que tinha
uma mola na cintura.
O fandango pegou fogo
e a gente não se governa
eu sai com aquela china
se acavalando em minha perna.
Aqueles cabelos negros
chegavam me dar laçaço
quase igual a um pano preto
se estendendo no meu braço.
O salão ficou pequeno
sobre o piso ressequido
e eu conversava com a prenda
cochichando no ouvido.
Mas que chinoca lindaça
oigalê potranca louca
me chama de meu cusquinho
e me cospe no céu da boca.
Quando o sol meteu a cara
montei ligeiro num upa
quando o sol meteu a cara
montei ligeiro num upa
sai assoviando fachudo
com uma estrela na garupa.
Quando o sol meteu a cara
montei ligeiro num upa.
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