Entre o céu e o mar, livres para voar
As nuvens estão a planar
Tomam a direção que o vento lhes soprar
Formam figuras que a mente vai criar
Brancas, cinzas ou escuras
Estão prontas a despejar
Gotículas de chuva pra formar
Nascentes e córregos e rios
Ou, simplesmente, a terra molhar
Ao homem cabe apreciar
Interferir quando desejar
Represando ou desviando seu curso pra irrigar
O solo fértil que irá plantar
Seguidos anos poderão matar,
A Fome de quem não tem onde semear.
Se chove regular, os animais não ficam a perambular
A relva cresce pra alimentar
Nas sombras estão a descansar
Felizes, poderão se amar
Pães e peixes vão multiplicar
Se chove irregular
Irão exterminar, nascentes, córregos e rios
Põem-se a secar
E o homem fica a reclamar.
A seca só serve pra quem, ao Congresso quer voltar
Com promessas de retornar,
Com água ao sertão ofertar
Eleito quer acabar,
Pela tribuna fica a esbravejar
Que naquele lago há de pescar
Quatro anos irão passar
A seca terá que continuar
Pra novamente regressar ao Planalto, legislar
Para que Deus, quem sabe possa dar
A água que o sertanejo precisar.