Tem gente morrendo de ódio
Tem gente morrendo de amor
Tem gente caindo do pódio
Tem gente trepando na dor
Tem gente levando porrada,
Cotovelada, tiro, nocaute
Tem gente doente ,
na luz, no blecaute
Tem gente cuspindo na cara
Tem gente escravo de gente
Tem gente que aponta e dispara
Tem gente que não é gente
Tem gente lá na Catalunha,
Lá na Califórnia, São Paulo, Sibéria,
Que anda roendo as unhas
À sombra da biscate flor da miséria
Mundo canalha
Coisa medonha
Fio da navalha
Coisa enfadonha
Tem gente já nem se lixando
Pro lixo prolixo que o luxo não viu
De seus aquedutos minguando
Na babel da Roma moderna do Rio
Tem gente chorando na maca
A dor de macaca sem mico leão
Sambando no gume da faca
Descalça a passista do meu coração
Tem gente tomando remédio
Tomando no olho do cu sem razão
Tem gente gemendo de tédio
Do assédio, do assalto da solidão
Tem gente em cana pireta
Pela injusta treta, total confusão
Hippies, punks, caretas
Totais avatares da escuridão