Alça a perna que o pingo é ligeiro
Tinir de esporas, poncho na garupa
Cusco obediente e o laço certeiro
Clareia o dia, lá vai o tropeiro
Cuida do coice, avisa o flanco,
Não deixa o osco subir o barranco
O gado é lerdo mas não tem costeio
Se não tranqueia, embola no meio
(Assim vai repontando a boiada
Despacito, assobiando uma canção
E a tropa, bonita e bem calçada
Vai deixando marcas na estrada
Dos cascos que cortam este chão)
Lá na culatra sobem nuvens de poeira
E nas tropeadas da imaginação
Feito esperança e devaneio se confundem
Deixando apenas as saudades onde vão
Mas no repecho, o boi osco refugou
A realidade não dá trégua pra ilusão
Quem desde a infância teve sonhos tão escassos
Aprende cedo que seu destino é de peão
(Assim vai repontando a boiada
Despacito, assobiando uma canção
E a tropa, bonita e bem calçada
Vai deixando marcas na estrada
Dos cascos que cortam este chão)