Sob essa noite calada, vem na contra-mão
Sob essa viga que esmaga seu peito no chão
Torna-se ácido e seco o vento que sopra
Ácido suor de quem vai dormir sem colchão
Ácido é aquele que cala mas não quer falar
Ácida é a água que alaga e volta a faltar
Ácido é o sangue que vaza do telejornal
Ácida essa eutanásia que a vida nos da
Pois sem perceber tudo vai virar
Ácido é o solo que é casa e não quer abrigar
O olho cegado por ácido pode enxergar
Sangue que vai e que vem, que vem e que jorra
Ácido é o perigo de contrariar
Ácida é a mente que segue vazia a vagar
À cidade que não quer saber de cantar
E quem sabe até um dia eles percebam o que se passa da ponte pra cá
Pois sem perceber tudo vai virar
Ácido é o olho no olho que vai sendo mais violento que um soco na boca
E quem somos nós pra tentar questionar essa vã consciência que tentam nos empurrar
E sem perceber tudo vai virar
Ácido