Ao sul, mas bem pro sul,
Aonde o alambrado sete fios
Se levanta em coronilhas
E angicos de outros tempos
Onde a quincha moura das carretas
Vai perdendo santa fé
Pela frouxura dos tentos
Ao sul, mas bem pro sul,
Onde num potreiro frente as casas
Pasta um vulto em aspas claras
Do último boi franqueiro
E um potro com focinho pura terra
Sustenta a primeira guerra
Contra o ferro garroneiro
Ao sul, mas bem pro sul,
Um bando de ñandú sobe ao rodeio
E se mescla à gadaria
Que aprendeu a pedir sal
E o enxame que mirins da corticeira
Vai compondo seu milagre
Fazer mel de flor bagual
Ao sul, mas bem pro sul,
Há gente que enxerga tudo isso
Cambicho apego e feitiço
Ao universo do pouco
Potros, carretas, mirins
São princípio, meio e fim
Da jornada destes loucos
Ao norte, bem ao norte,
Com pressa sou andante das calçadas
Há muito mateio louco
Que para pra ver cigarras
Pousar sobre a aguada azul
Se venho e volto a contar estrelas
Sempre encontro a última delas
Me pisca e aponta pro sul