Ao redor do fogo de chão estalam brasas antigas
Me chamando, outras vidas, que pealaram antes de mim
Por isso que canto assim, respeitando a alma terrunha
Em mim, a própria alcunha, de um criollo San Martín
Uma tropa dá um estouro dentro do meu pensamento
Que da pampa é sustento pra ser livre, ser vertente
Não se maneia uma gente que não deixa criar macegas
Que peleou na própria terra com o crioulismo na frente
Qual razão de estar aqui? De onde vim? Quem é meu ser?
Muitos tentam compreender sem olhar pra dentro de si
Negro, branco ou guarani, viemos do ventre da terra
Peleamos em tantas guerras para ser apenas gaúcho
Tenho sede além dos mates, sede além de uma vertente
Sede de algo que é da gente, maior que as águas de poço
Rio revolto, alma de moço, buscando encontrar seu fim
Por isso rebrota em mim um espírito crioulo
De onde vem nossas raízes? Te digo em pura verdade
Tem terrunha identidade que só quer ser descendente
Honrar toda uma gente, seguir caminho e seu prumo
Levar por diante ao futuro: a crioula identidade