Farejar o verde do capinzal
Se espojar na grama, no sol
Mergulhar no frio da cachoeira
Espreitar vôo de gavião
Soa sanhaço, diz pra saíra
Que e vem canário, corre corruíra
O céu é sabiá, a flor é colibri
A folha brilha, a terra exala
O canto é mato, suspira o cio
Me despetala, o mundo gira
A flor é fala que o olho mira
Que o olho água, que a boca brisa
Que o riso abriga
Que a pele acolhe e se eterniza
E se enternece e se entreabre
E se entremeia, na mata a veia
No colo areia, na mão a lua
No ventre o sol
Na alma aurora uirapuru e rouxinol