O clarão da lua
Iluminava os passos
Que espalhavam a mágoa
Que do rosto andava a rolar
A rua larga
Abrigava o corpo
Que de tão cansado
Bambeava torto a requebrar
A marcha-rancho ainda retumbava
Quando a doce amada
Desprezou meu todo bem-querer
E a fantasia
Antes caprichosa
Era só retalho fora do salão
Eu não contava
Que essa dor tão forte
Fosse como um corte
Bem profundo no meu coração
Que já batia fraco
Arritmado, atravessado
Torpe pela contramão
Do peito em vão
Eu destroçado
Abandonado ao léu
Descamisado ao céu
Rogando por clemência
A voz chorosa
À chuva fina em prosa
Bem que foi sentida
A minha grande dor
A melodia doce embargada
Mensageira alada
Se chegou ao dó do criador
E quando a vida logo se esgotava
A alma embriagada
Recebeu do alto a bênção
Outra morena
Tão formosa e só no mundo cão
Abriu estrada
Fez morada
Cortou a sina ingrata
E deu guarita
Para o meu amor
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