Já não há lugar
que caiba em meu olhar,
já não há andar
que possa fazer chegar
tão perto de agora.
Não me vejo mais
nas fotos de amanhã,
nas visões triviais
e velhas de amanhã.
Um silêncio amanhã,
um engano amanhã,
um comício, um sacrifício,
um parque de diversões.
Já não há sinal,
nem sonho, nem sensação,
nem indicação, nem mesmo uma direção
dos passos de agora.
Não me lembro mais
dos sonhos de amanhã,
não escondo mais
os blefes de amanhã.
Um silêncio amanhã,
um engano amanhã,
um incesto, um casamento,
um gesto de amor..
Um pecado amanhã,
um velório amanhã,
um relógio, um retrato,
um parto, uma canção.