Noturna névoa
que me seca a alma
e que me carrega
pelas madrugadas
e me dissolve em ligeiras revoluções
e me convence com noturnas intenções.
Noturna névoa
que me ama e que me mata,
que tira sua roupa
como pele falsa
e me comove com teatros e balões
e me consome em contidas doses
de mim.
Enquanto isso,
há um circo na cidade
e uma brutal sinceridade
enche as ruas de tristeza.
Enquanto isso,
há um oráculo na esquina
e o carnaval na avenida
enche as vidas de saudades.
Noturna névoa
que se deita ao meu lado
e que se deleita
com meu sangue e com meu catarro.
Noturna névoa
que me vence aos poucos
e que comemora
exibindos os meus pedaços.