Nossas falas sopram o véu da noite
Num fôlego extenso de quem não se cansa
Palavras voláteis se desencadeiam num trem
Que inverte o sentido da dança
A terra expulsa a nossa presença
O ar estranha a nossa aliança
O fogo do sol, com indiferença,
Despe a inocência da noite criança
O amor vigiava calado
O trajeto da lua: pêndulo celeste
Colhendo a cada sim que disseste
O impulso indizível de um coração parado
Ciente do desencontro marcado
Estilhaça o arco da promessa vã
O espelho dos corpos repete calado
A luz azul que inicia a manhã
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