Eu sou um velho boiadeiro
Minha vida é só isso cuidar dos bois e broxar na hora há dois
Nem com o azul funciona mais, e minha veia não me ajuda porque vive no vermelho.
Minha noite é complicada, minha garganta está inflamada.
Eu não sou mais aquele men torto, pois tudo se desentortou.
Tudo endireitou só o Zé sem osso se acabou...
Mas eu não tenho culpa nem ninguém, isto é a mais pura verdade, minha vida mudou!
Melhorou porque posso trabalhar, mas outras coisas nem pensar,
Não vou mais me endireitar, minha véia só reclama e todo dia isso inflama!
Estou pensando em cortar, mas acho que não vai rolar...
Assim perco minha dignidade não adianta ir pra cidade,
Isso vai acabar mal, não vai adiantar! Este Zé não tem concerto e parou de funcionar!
Caminhando eu vou!
Para o precipício!
Caminhando eu vou!
Eu sei eu existo...
Essa véia me enchendo o saco eu prefiro as vacas!
Nas vacas podemos mamar e na véia só pelanca pra pegar!
Eu sou um velho boiadeiro, não tenho pressa não tenho dinheiro!
Perdi minha felicidade, mas tenho dignidade de ser o velho que sou!
Tenho fazenda enorme, muitas cabeças de gados aqui no meu sertão...
Para muitos isso não é nada, mas tenho amor no coração!
O meu Zé durmiu, não quer acordar e a vermelhosa só sabe me xingar;
Eu não sei mas o que faço vou falar com os meus gados, pois não tem ninguém pra conversar!
Eles tem muita sorte, eu chego até invejar...
Aquelas vacas durinhas, com tudo em cima toda noite podem trepar...
Pra min vontade é o que não falta, o que falta é a força que de min não sai mais!
Caminhando eu vou!
Para o precipício!
Caminhando eu vou!
Eu sei eu existo...
Eu sou um velho boiadeiro vendo excitação de vaca, mas não posso usar!
Eu não tenho camisinha, nem sei como mais colocar!
Tenho dez a nove filhos, todos muito bem criados quase todos até casados.
Não há mais promessas de futuro, já tomei o meu rumo, não há mais nada a se queixar...
Caminhando eu vou!
Para o precipício!
Caminhando eu vou!
Agora vou sentar esperar a minha hora de um dia o Zé ressuscitar!
Sou um velho boiadeiro que agora vou sentar...
esperar a minha hora de um dia o Zé ressuscitar!