Das profundezas poéticas da literatura de cordel
Nasce trupizupe, um caba de peia invocado
Que em toda sua saga nunca perdeu suas pelejas
O meu nome é Trupizipe sou o galo de Campina
Me chamam Trupizupe o raio da Silibrina
Eu não digo à ninguém que sou valente
Vivo longe dos brutos desordeiros
Sei tratar muito bem meus companheiros
Mas se um dia eu chegar de sangue quente
Chegarei no inferno de repente
Faço o diabo chefão virar mulher
Mando logo prender a Lúcifer
Solto alma de deuses e pagãos
Se o cão cocho cair nas minhas mãos
Só se salta com vida se eu quiser
O meu nome é Trupizipe sou o galo de Campina
Me chamam Trupizupe o raio da Silibrina
Qualquer dia do ano se eu puder
Para o céu su farei uma jornada
E como a lua já está desvirginada
Olha eu posso tomá-la por mulher
Se acaso São Jorge não quiser
Olha eu tomo o cavalo que ele tem
Se a lua quiser me amar também
Dou-lhe um beijo nas tranças do cabelo
Deixo o santo com dor de cotovelo
Sem cavalo, sem lua e sem ninguém
O meu nome é Trupizipe sou o galo de Campina
Me chamam Trupizupe o raio da Silibrina
Sou o bote da cobra caninana
Sou dentada de tigre enraivecido
Sou granada que solta um estampido
Que se escuta por mais de uma semana
Sou picada de abelha italiana
Sou a bala que acerta o meio da testa
Sou incêndio que arrasa uma floresta
Sou a bruta explosão da dinamite
Sou micróbio feroz da meningite
Liquidando com gente que não presta
O meu nome é Trupizipe sou o galo de Campina
Me chamam Trupizupe o raio da Silibrina
Dei um murro nas ventas de um mal poeta
Que a cabeça voou fez piruetas
Passando por todos os planetas
Foi parar num reinado de um profeta
Disse um santo que viu ficou pateta
A cabeça do cabra estava um facho
Uma alma gritou: Oh velho macho!
São Pedro falou: O que é isto?
Disse um anjo que estava junto à Cristo
É Trupizupe zangado lá embaixo!