(Era costume todo ano na fazenda
Naquela simples vivenda de alegria sem igual
Eu bem criança mas ainda hoje lembro
Vinte e quatro de dezembro numa ceia de Natal
Aquela mesa tão forrada de fartura
Feita com tanta ternura por quem não existe mais
Ficou na sala descoberta e tão vazia
Vive a mesma nostalgia com a ausência de meus pais
E toda história sempre um desfecho existe
Um alegre e outro triste, cada qual tem seu destino
O meu Natal não foi de felicidade
Meu presente é uma saudade que guardo desde menino
Ainda hoje na cômoda tosca da fazenda
Num canto solitário vivenda vou beijar o meu primeiro presente de Natal
Um presente que recebi de meu paizinho
A camisa que ele deixou manchada de vinho
Na véspera do seu triste funeral)