Reality show
André Luiz de Souza & Célio Mattos
reality show
andré luiz de souza & célio mattos
eu não sabia se estava com medo da polícia
- pura ironia… estava fugindo de animais
vestidos com trajes cor de sangue oliva
(disfarçados ou não, eram canibais !)
correndo atrás de uma nova vítima ;
matando ou morrendo por salários banais…
e quando ligo a tevê, sinto saudades de você ;
quando ligo a tevê, sinto vontade de te ver… te ver !…
um dia desses vi um cara morto esfaqueado,
sendo roubado por um outro que não tinha o que comer.
até parece que nesta bosta de cidade,
o ser humano vale menos que um transistor de tevê.
políticos roubam na maior impunidade,
sob os olhos da justiça que faz que não os vê…
e quando ligo a tevê, me dá vontade de te ver ;
quando ligo a tevê, tenho vontade de dizer… dizer !…
crianças pobres morrendo, cheirando cola ;
por não terem mais com o que e por que viver.
nessa mistura de rancor/feliz/bestialidade,
angústia e dor reluz sobre o lixo/luxo que se vê.
o que fazer diante desta nova realidade ?
para onde aponta a areia-bomba da ampulheta, a escorrer ?
não se pode mais negar em vão esta verdade :
o mundo explodirá se não convalescer !
e quando ligo a tevê, me dá vontade de te ver ;
quando ligo a tevê, tenho vontade de dizer… dizer !…
já não agüento mais tanto canal a bobagens,
que misturam banal com real e publicidade.
milhões morrem de fome, frio ou mesmo aids ;
milhões consomem imagens na cumplicidade…
imagens que banalizam a vida ;
imagens que desresponsabilizam a morte ;
imagens que blasfemam a vida ;
imagens que divinizam a morte,
a miséria, a violência dos mais fortes !
e quando ligo a tevê, perco a vontade de viver ;
quando ligo a tevê, tenho vontade de morrer… morrer !…