Os ventos sabem do verde na tua copa cinzenta
E da lua quando cheia prateando tua ramagem
Meu velho açoita-cavalo parece que está partindo
Quando o sol quase caindo vem espichar tua imagem
Quem te plantou nesta terra, sabia tua semente
E tua intenção copada de ser sombra de verão
Quem te deu planos de terra nesta razão mais fecunda
Pra ter raízes profundas, enraízadas neste chão
É tempo de um barreiro erguer rancho em tua copa
Com barros recém pisados dos cascos da cavalhada
Chegou tarde a primavera, chuvosa depois da estiagem
E te pintou na paisagem, com flores amareladas
Solito bebes a sanga do lado esquerdo do rancho
E recebes as abelhas sem se importar de onde vem
Canta milongas de vento quando lhe dobram os braços
E segue buscando espaço, que o céu inteiro não tem
Do alto de tua copa, o pago é bem mais distante
E a cena das despedidas bem na porta do galpão
Tem açoite nos seus galhos, que se abrem desparelhos
Que viram cabo de relho, te dando o nome e razão
Açoita-cavalo antigo de copa cinza prateadas
Ouvi cantarem teu nome num verso dizendo assim
Não deixe igual outros tantos, que cruzaram este caminho
Passando a vida sozinho, mas sombreando ela pra mim