Foram três luas amanunciando um potro
E nem sinal de se entregar prás corda
Olhar de mau, meio frestiando a franja
Coiceando a sombra desde que o sol acorda
É o sereno da manhã de maio,
De quando um burro despertava a cena
Falsa quietude atada ao palanque
Imagem xucra de um mouro pavena
Filha pequena, flor do meu jasmim
Pelo terreiro num semblante em festa
Sonhando cores n'alguma cantiga
Na liberdade que a inocência empresta
Como um lampejo brincou rumo às patas
Meiando a franja no garrão do potro
E eu no assombro da encruzilhada
De correr por pai ou de rezar pro outro
Nem a forneira fez cantar de ensaio
E até o vento mermou no arvoredo
As quatro patas igual a um palanque
Se enraizaram a esconder segredos
Então a prece que ecoou distância
Fez a flor lindar habitar os meus braços
O próprio maula quis poupar a infância
Pela pureza de seus ternos traços
Me dá a cabeça pra eu tirar o buçal
Assim com jeito vou te dar benção
E nesse lombo apenas geadas
Vão fazer pátria pela gratidão