Sobre o concreto da praça
João resiste com seu canto
Ao meio de tantos outros
Que também sabem cantar
É o campo mostrando a todos
Que passam nas avenidas
Que a pressa é inimiga
De quem tem presa em chegar
Do alto da cruz da igreja
Uma pomba abre as assas
Um cardial faz algazarras
Sobre o bronze de uma estátua
Turva imagem que retrata
A vergonha das batalhas
Bem-te-vis comem migalhas
Junto a estes bustos da praça
João, joão
Com teu canto nos ensina
Que nas ruas e esquinas
Sempre devemos cantar
João, joão
Mesmo morando na praça
Jamais vai perder a graça
Que tem seu simples cantar
Enfeitam tardes poveiras
Estes pequenos cantores
Amenizam tantas dores
De quem souber escutar
Um sabiá faz do seu palco
A pedra de um chafariz
Como a dizer que é feliz
Mesmo distante das sangas
E do doce das pitangas
Porque tem alma e raiz
Nem mesmo o som de buzinas
E dos motores potentes
Vão calar estes cantores
Que dão luz pra alma da gente
São livre para cantar
Junto as janelas dos prédios
Para os que morrem de tédio
E não tem para onde voar
João, joão
Mesmo morando na praça
Jamais vai perder a graça
Que tem seu simples cantar
Jamais vai perder a graça
Que tem seu simples cantar
Jamais vai perder a graça
Que tem seu simples cantar