Adaga não me degola
Balaço não tem efeito
Mas sempre que ela me olha
Eu levo um tiro no peito
Nesse momento fatal
Não há qualquer proteção
O seu olhar é um punhal
Cravado no coração
Pra quebrar queixo de potro
Eu me levanto mais cedo
Mas toda vez que a encontro
Meus sonhos tremem de medo
É preciso estar atento
Pois esse olhar enamora
Faz um buraco por dentro
Sem deixar marca por fora
Vencida por tanto encanto
A valentia se some
Um par de olhos de campo
Bota cabresto num homem
Qualquer gaudério se rende
Todo valente se acalma
Com duas lâminas verdes
Ferindo a gente na alma
Já consegui me esquivar
De chumbo grosso e pranchaço
Porém a luz de um olhar
Machuca mais que balaço
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