tu
que acreditas
que a bruma
vai rasgar-se em dia aberto
tu
que acreditas
que o vento
vai quebrar-se em mar de calma
porque te ficas sentado
à janela da quimera
porque não vens para a rua
provocar a primavera
vem
vem desenhar o futuro
na morte deste presente
vem
vem mostrar a madrugada
e vem dá-la a toda a gente
tu
que adivinhas
que as nuvens
vão desfazer-se em azul
tu
que adivinhas
que a noite
vai resolver-se em luar
porque te deixas dormir
na cama da tradição
porque não fazes do sonho
o grito duma canção
vem
vem transformar o amor
até hoje inexistente
vem
vem construir a cidade
e vem dá-la a toda a gente.
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