A única coisa que eu me lembro é da noite passada
Eu dentro do meu carro voltando da balada
Parei no semáforo com o vidro abaixado
Em questão de segundos já tava enquadrado
O monstro que eu via no cidade alerta
Tava na minha frente com a arma testa
Agressão, coronhada, começou a minha via sacra.
Fui colocado dentro da porta-mala
O calor aumenta a tensão é extrema
Não sei pra quem eu rezo pra deus ou pro capeta
Senti que o carro entrou numa rua de terra
Não sei onde estou quem sabe uma favela
Com as mãos amarrada e na cabeça capuz
Na estrada de madeira eu carregado minha cruz
O cheiro que eu sinto não me é familiar
É um cheiro forte de podre que exala pelo ar
Sem o capuz eu enxergo a minha realidade
O barraco é pequeno, sujeira por toda a parte.
O desespero me abala eu começo a chorar
Espero que alguém me tire desse lugar
Eu acredito na minha família, no plano policia.
Espero sair em breve daqui com vida
Tenho a esperança de que haja uma saída
Não quero morrer no calvário da burguesia
Refrão: vejo minha vida sumindo junto ao sol,
Sonhos que tenho se perdem na escuridão,
Senhor se me ouves e ainda esta ai,
Não deixe esse holocausto me consumir.
Vejo minha vida sumindo junto ao sol,
Sonhos que tenho se perdem na escuridão,
Eu só queria, mas uma chance pra,
Olhar nos olhos de quem amo e lhes abraçar.
Pelo buraco na parede o sol ilumina meu rosto
O dia amanheceu será que foi um sonho
Acordei pra vida quando olhei ao redor
To de volta no sistema de monstro sem dó
Não consigo entender o que está acontecendo
Porque eu vim a ser protagonista desse pesadelo
Não entendo tudo esta confuso.
O medo me consome nesse lugar escuro
O raciocínio ta fraco, eu não consigo nem pensar.
Escuto vozes lá fora, de quem será.
A porta abre um entra primeiro contato.
O cara de capuz me explica o fato
Seqüestrado eu estou imagino a minha família
A minha vida agora não passa de mercadoria
Me encontro escrevendo uma noticia do jornal
Pra saberem se estou vivo, ou se preparam o funeral.
Se passam horas e dias, e aumenta meu tormento
Trancado aqui dentro perco a noção do tempo
Eu rezo toda noite pra que haja uma saída
Não quero morrer no calvário da burguesia
Refrão: vejo minha vida sumindo junto ao sol,
Sonhos que tenho se perdem na escuridão,
Senhor se me ouves e ainda esta ai,
Não deixe esse holocausto me consumir.
Vejo minha vida sumindo junto ao sol,
Sonhos que tenho se perdem na escuridão,
Eu só queria, mas uma chance pra,
Olhar nos olhos de quem amo e lhes abraçar.
Não sei quanto tempo estou nesse martírio
Apesar da fraqueza tento ficar vivo
Tem um prato com comida jogado ali no chão
Sinto fome, mas não engulo nem um grão.
Pensamentos invadem a minha mente atordoada
Eu penso varias coisas alegrias, desgraça (penso).
Será que o meu pai já pagou o resgate (penso)
Ou me deixou aqui pra conhecer o xeque-mate
Ouço passos, gritos, cachorro latindo.
Um barulho estranho meu deus será que foi tiro
(barulhos de tiro)
(barulhos de tiro)
Já se passaram sete dias do acontecido
Hoje me encontro com parentes e amigos
A cada silaba do padre eu vejo a comoção
Vejo a revolta, inconformismo, a indignação.
Mas é só raciocinar e ter inteligência
Pra vê que nossos atos alimentam a violência
Pra vê que o descaso destrói famílias
Resultado é nosso sangue nos calvários da burguesia
Refrão: vejo minha vida sumindo junto ao sol,
Sonhos que tenho se perdem na escuridão,
Senhor se me ouves e ainda esta ai,
Não deixe esse holocausto me consumir.
Vejo minha vida sumindo junto ao sol,
Sonhos que tenho se perdem na escuridão,
Eu só queria, mas uma chance pra,
Olhar nos olhos de quem amo e lhes abraçar.