Pois foi esse forasteiro
Que invadiu a tua casa
Com o rosto transfigurado
Fácil de reconhecer
Sua voz não é a mesma
Agora rouca e embargada
Com palavras vomitadas
Já se fazendo entender
Roubou tua alma
E agora vaga penado
A esmo por aí
Quem mandou se entregar?
Quem mandou abrir a porta
Aquela altura da noite assim?
(E ele disse:)
Trago em mim
Uma parte que pertence a você
Quando chegar teu abate
Enfim, vou te devolver
Fora uma vida inteira
Fora o fim do sofrimento
O que mais posso perder?
Me avise no fim
Quando eu estiver gritando
Pois não consigo mais me escutar
Não entendo mais o que digo
Só sei que é meu o sangue
A derramar