Quando eu cheguei do norte
A procura da sorte
O caso era serio
Sem entender de nada
O ônibus fez parada
Na baixada do glicério
Peguei a minha mala
Sai procurando
Um lugar para morar
Era tudo diferente
No meio de tanta gente
Eu comecei a chorar
Me deram informação
Que se alugava vaga
Em quarto de pensão
Gostei fiquei morando
Arrumei um serviço
Em uma construção
Eu já estava noivo
Faltava quinze dias
Pra gente se casar
Quando chegou um cidadão
Com um papel na mão
Dizendo esse I'móvel
Eu vou desmoronar
A poeira cobriu tudo
Toda aquela casa
Foi demolida
A minha grande dor
Foi quando a minha noiva falou
Vou embora com o maquinista
Eu já desempregado
Sendo despejado
Meu amor veio me trair
Eu passei mal
Depois de dez dias
Acordei na UTI
Sei que me internaram
Como indigente
Fui abandonado la no corredor
Hoje estou de alta
Vendo a luz do sol
Implorando pelo senhor
Pra onde vou
To pedindo pra comer
Eu não lembro mais de nada
O viaduto é minha casa
Durmo aqui no tietê
Sei que acabou
O sonho desse nordestino
Tenho que me conformar
Que não posso mais voltar
Tô doente virei mendigo
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