Barco que não navega
Não enfrenta calmaria
Não se quebra em tempestade
Nem se perde em travessia
Mas vive em porto seguro
Se afunda em agonia
Velejador que veleja
Só pela luz do farol
E que não enfrenta o medo
Das pedras-lanças do atol
Vai morrer sem conhecer
Liberdade e o degredo
Os mistérios e segredos
Do berço e da cova do sol
Deixo o cais, aparto o porto
Vou pro mundo temeroso
Eu vou buscar meus tesouros
Nas históras de trancoso
Quem nunca sai da baía
Nunca vê bancos de areia
Não se lança nas correntes
Nem nas noites com candeia
Não vai sentir o encanto
Nem escutar o canto
Da encantada sereia
Não vai sentir o encanto
Nem escutar o canto
Da encantada sereia
Deixo o cais, aparto o porto
Vou pro mundo temeroso
Eu vou buscar meus tesouros
Nas histórias de trancoso
Quem só se guia por bússolas
Astrolábios, balestilhas
Não segue os rastros dos astros
Que nos céus têm suas trilhas
Não verá que as descobertas
Causam o brilho
Das retinas
Deixo o cais aparto o porto
Deixo o cais aparto o porto