É suor, é vertigem, é pó
É incerteza, é sujeira, é nó
Sou eu entrando em mim como alimento
Dentro, procuro algo que seja forte
Sul ou norte
Dentro, procuro o amor
E passando pelo pulmão
Sinto a impureza do ar empueirado
Não há caminho por ali que leve ao coração
Então... me viro em sangue
E tudo isso é pó
É vertigem, é sujeira
E é frágil sim
E tudo isso é mal
É normal e está dentro de mim
Vermelho, sigo a correnteza que suga
Estou sendo levado
Sinto chegar ao coração
Passeio por entre músculos do braço
E num salto sou arrancado, enlatado em uma seringa
Me viro em fumaça de cigarro
Sou sugado de volta
De novo o pulmão, sem entradas só retorno
Então... eu me transformo em vírus
Veloz, eu caminho pelas veias cheias de sangue
Eu nado, eu vôo, eu canto, danço
Eu ouço forte agora o coração
Meu encontro com o amor
Eu entro não vejo nada, eu procuro
Eu grito, nada
Só o eco me responde
Estou desolado
Não há amor no coração
Estou triste e para me vingar eu me transformo em câncer
E vou me corroendo por dentro
Me matando, fígado, baço, pulmão
Estou como uma planta, sou cheio de raiz
E no auge da dor que já me consome
Eu recebo uma mensagem que vem do cérebro:
"Suba! O amor esta lá em cima"
Já é tarde, não há como reparar o erro
O amor é racional
Mora no segundo andar, longe de todos
Agora, já totalmente imóvel, fraco
Me preparo para virar pó
E já aceito esta irremediável solução
Que de falar nos causa calafrios
E uma profunda sensação de invalidez:
Morte!