Esses dias tinha ido visitar minha mãe
Com o pouco trocado que tinha sobrado da semana
E na volta sentada na calçada enquanto o busão não chegava
Me pus a ouvir o lero de seu Zé mais seu Manuel
Seu Manuel dizia Seu Zé ia ser homem vitorioso
Que logo logo ia ta empregado
E daí ia poder voltar pro nordeste
Ver os 8 filhos e da um beijo na mulher
Que era pra que seu Zé não se afobasse não
Pra que seu Zé tivesse paciência e muita paciência
Porque o tempo dos homens não é mesmo de Deus
Porque o tempo dos homens não é mesmo de Deus
Esse ditado consola, mas pra mim mais parece
Que o tempo de Deus é o tempo dos ricos
Porque o rico já nasce com a herança
E de brinde a certeza de ter um futuro decente
O pobre batalha, batalha, batalha só na esperança
De que seu futuro seja um bom presente
Os nossos sempre na luta pra ter o que os caras têm todo dia
Eu nem te falo o que cês faz com essa tal meritocracia
Cheguei no ápice, cansado e de cabeça cheia
Papel e lápis, tristeza em plena sexta feira
Já é de praxe, dizer que nossa dor é besteira
Sorrir é fácil, mas nem sempre é só brincadeira
Já parou um tempo pra ver o tempo bonito ta ali fora?
Já disse “daqui a pouco” sem ver que o mais louco é que daqui a pouco é agora?
Já parou pegou uma caneta pra escrever uma letra sobre temas aleatórios
E então viu que o homem na sociedade consegue ser sempre tão contraditório?
Vai pra escola aprender somatório, passar na facul, pra trampar no escritório
Tentar ter dinheiro, comprar acessórios, tentar ser feliz nesse sonho ilusório
Mas quantos realmente são? Me diz. Será que você realmente é feliz?
Será que a receita da felicidade é outra verdade que se contradiz?
Tanta sentença interrogatória, poucas respostas são satisfatórias
São muitos boatos, poucas verdades, esse é o retrato da sociedade
Injusta! É a mente que julga. Injusta mente!
E tem gente que ainda se pergunta: “Porque rico e pobre pensam diferente?”
O rico já nasce com a herança e de brinde a certeza de ter um futuro decente
O pobre batalha só na esperança de que seu futuro seja um bom presente
Os nossos na luta pra um dia ter o que os cara já tem todo dia
Nem te falo o que cês faz com essa tal meritocracia
Cheguei no ápice, cansado e de cabeça cheia
Papel e lápis, tristeza em plena sexta feira
Já é de praxe, dizer que nossa dor é besteira
Sorrir é fácil, mas nem sempre é só brincadeira